De umas décadas para cá, vem se perdendo a noção de que a missa é feita para exaltar e agradar a Deus,
e não aos homens. Fazem missa para celebrar a negritude, a cultura
gauchesca, a vida sertaneja, o amor ao time de futebol… E Jesus, que
pediu “Fazei isto em memória de mim”, vai ficando pra escanteio.
A partir do Concílio Vaticano II, a Igreja entendeu que seria benéfico admitir a diversidade na forma de celebrar a liturgia, abraçando o princípio da inculturação do Evangelho, como explica o Padre Paulo Ricardo:
“…é necessário, que para que o Evangelho chegue até o os povos, que a Igreja assuma a forma de falar daquele povo, e assim a mensagem do Evangelho, que é sempre a mesma, a mesma fé de dois mil anos, vai ser compreendida pelos povos neste esforço de adaptação.
“Um exemplo extraordinário de inculturação nós tivemos (…) no padre bem-aventurado José de Anchieta, o grande apóstolo do Brasil, que veio ao nosso país e aqui aprendeu a língua indígena, escreveu uma gramática tupi, fez peças de teatro em língua tupi, português e espanhol, (…) e assim ele pôde transmitir a fé.” (1)
Esse é um esforço de inculturação positivo, autêntico. Porém, o que vemos prevalecer em nosso país é avacalhação da santa missa,
sob a desculpa de promover a inculturação. O rito romano é
desrespeitado pelo uso de paramentos, músicas, gestos e outros elementos
mundanos e estranhos à sua sacralidade, ou até mesmo profundamente
relacionados a outras religiões (sincretismo). Sobre isso, continua a
nos esclarecer o Pe. Paulo Ricardo:
“Nós não estamos lidando com pessoas bem-intencionadas que querem levar o Evangelho para uma cultura diferente. (…) A maior parte das pessoas que fala de inculturação está querendo (…) não levar o Evangelho para os povos, para o mundo, mas trazer o mundo para dentro da Igreja.” (1)
A Instrução Geral do Missal Romano (IGMR nº 395) deixa claro que qualquer adaptação na liturgia, por menor que seja, não pode ser realizada sem a prévia autorização da Santa Sé.
Nem a CNBB possui autonomia para deliberar sobre estas questões. Apesar
dessa orientação, muitos sacerdotes violam descaradamente a
Constituição Sacrosantcum Concilium (2), que estabelece:
“…jamais algum outro, ainda que sacerdote, acrescente, tire ou mude por própria conta qualquer coisa à Liturgia.” (SC., 22 § 3)
É válido ressaltar que as adaptações na liturgia da missa são admitidas pela IGMR especialmente para os povos recém-cristianizados,
o que está longe de ser o caso do Brasil. Falar em missa inculturada
aqui, depois de mais de 500 anos de catolicismo na veia é, no mínimo,
muito estranho.
Mas os padres tupiniquins que promovem missas inculturadas veem os povos das diversas regiões do Brasil como caricaturas étnicas e regionalistas. Suas mentes funcionam mais ou menos assim:
- “Você é negro? Muito axé! Vamos fazer uma missa com muita cor, muito rebolado, muita cocada e atabaques. Sem isso, você não poderá se identificar com o rito, né, meu rei?”
- “Você é do interior? Então o padre tem que usar chapéu de cowboy na missa e cantar que nem o Zezé Di Camargo.”
- “És gaúcho? Bah, tchê, certamente só se sentirá bem em uma missa em que o padre vista bombacha, tenha um lenço no pescoço e use a cuia do chimarrão no lugar do cálice do vinho!”
As missas inculturadas em geral se assemelham mais a festejos folclóricos – que são muito interessantes, mas não diante do altar do Cordeiro Imolado – do que a ritos sagrados.
E assim, vai sendo sufocada verdadeira liturgia, aquela que eleva os
corações a Deus e faz resplandecer o rosto de Cristo. Sobre isso, foi
bem claro o Papa Bento XVI, falando aos bispos do Brasil:
“Uma menor atenção que por vezes é prestada ao culto do Santíssimo Sacramento é indício e causa de escurecimento do sentido cristão do mistério, como sucede quando na Santa Missa já não aparece como proeminente e operante Jesus, mas uma comunidade atarefada com muitas coisas em vez de estar recolhida e deixar-se atrair para o Único necessário: o seu Senhor. (…)
“Como estão distantes de tudo isto quantos, em nome da inculturação, decaem no sincretismo introduzindo ritos tomados de outras religiões ou particularismos culturais na celebração da Santa Missa!” (3)
MISSA PIMBA NA GORDUCHINHA
No ano passado, um padre holandês realizou uma “missa laranja” antes
do último jogo da Copa do Mundo de Futebol para dar uma forcinha
espiritual à seleção de seu país. O celebrante usou uma túnica laranja e
decorou toda a Igreja – inclusive os paramentos do altar – com a mesma
cor.
Não, você não está vendo coisas: as linhas na foto acima são as redes
de uma trave. Afinal, se é pra esculhambar, tem que fazer direito!
Descreve o site da BBC: “O padre chegou a simular um jogo de futebol
dentro da igreja e, atuando como goleiro, pegou um pênalti cobrado por
um fiel”. (4)
Resultado: o Santo Sacrifício do Altar foi desrespeitado, a Holanda
perdeu o jogo e o padre foi suspenso pelo bispo local. Lembrando que
naquele país o uso da maconha é liberado. Será que o padre…? Deixa pra
lá.
MISSA O QUIOCÊ FOI FAZÊ NO MATO MARIA CHIQUINHA
Seguuuuuuuuura, cristão! Segura o Senhor Jesus, pra Ele não fugir do templo, de tanto desgosto…
Estão na moda as missas sertanejas, com padre usando chapéu de cowboy e cantando músicas típicas. Os sacerdotes mais talentosos – ou mais sem noção – arriscam até umas dedilhadas no violão.
Desde quando chapéu com abas virou paramento litúrgico? Parece um
detalhe bobo, mas não é: o sacerdote está ali para representar Jesus
Cristo, e não para dar entretenimento às suas fãs. Não é ele quem
escolhe o que vestir, é a Igreja que determina, conforme o tempo
litúrgico ou a celebração. A falta de apreço aos seus símbolos
religiosos – em especial os paramentos e objetos da missa – é a uma dos
sinais da decadência espiritual de uma comunidade.
E se o padre é no fundo um músico frustrado, que invista na sua
carreira artística durante as festas de quermesse, as reuniões de grupos
jovens e atividades afins. Mas pegar o violão e bancar o Sérgio Reis no
meio da santa missa é um tanto demais, não?
Não há, ó gente, ó não… padres como esses sem noção! Não há, não há…
MISSA CHIMARRÃO
As chamadas missas gaúchas, ou missas crioulas, ocorrem sobretudo
durante a Semana Farroupilha, evento que homenageia os combatentes dessa
famosa revolução.
Nessas missas, é comum que o simbolismo do rito romano seja ferido
por paramentos sacerdotais nada ortodoxos (lenço no pescoço, por
exemplo) e pela inserção de objetos nada litúrgicos, como cuia de
chimarrão, erva-mate e rodas de carruagem. As orações são também
bastante modificadas, pra ficar tudo beeeeem gauchesco.
E se fosse criada uma missa inculturada carioca? Se
os gaúchos apresentam botas, chaleira e costela de churrasco no
ofertório, nós aqui no Rio colocaríamos diante do altar uma prancha de
surf, um CD de funk, uma fantasia de carnaval e uma foto da Helô
Pinheiro, a eterna Garota de Ipanema! Também poderíamos inserir nossas
gírias nas orações, que tal? Demorô!!!
E, para falar da missa gaúcha, ninguém melhor do que um gaúcho de fato. Vejamos o que diz Rafael Vitola Brodbeck, do site Veritatis Splendor (grifos meus):
“A pretexto de gauchismo, desde os anos 70, se promove (…) essa empulhação travestida de tradição. (…)
“A tal “Missa Crioula” dos CTGs [Centros de Tradições Gaúchos] é de uma falta de respeito que nunca vi em lugar nenhum! (…) O rito do MTG [Movimento Tradicionalista Gaúcho] é ilícito (ainda que a Missa seja válida), suas cerimônias não são coerentes com o rito romano, e sua celebração é totalmente artificial, pois partem do pressuposto de que o verdadeiro gauchismo é fazer tudo “de um modo gaúcho”: ora, isso é artificial, é um gauchismo fictício, industrializado. (…)
“Não se confunda, outrossim, a Missa Crioula do MTG (…) com a belíssima Misa Criolla, de Ariel Ramirez, composição sacra com ritmos da pampa (…), toda em espanhol, para os textos do Ordinário (Kyrie, Gloria etc.), sem alterar a letra e sem palhaçadas. (…)
“Creiam-me, meus caros, sou gaúcho e cultuador de nossa riquíssima tradição. Ando no dia-a-dia de bombacha, asso meu churrasco, vou a campo a cavalo. Mas cada coisa na sua hora. Como bem disse, tradição por tradição, a Missa crioula de tradicional não tem nada. É uma caricatura, um arremedo, e ouso dizer um deboche da verdadeira cultura gaúcha.”
MISSA ZUMBI DOS PALMARES
Essa é a missa preferida dos hereges da Teologia da Libertação.
Tem atabaque e birimbau? Tem, sim sinhô! Tem pipoca e cocada? Tem,
sim sinhô! Tem padre caracterizado como pai de santo do Paraguai? Tem,
sim sinhô! Nos dias mais animados, rola até um teatrinho e uma ginga de
capoeira…
Mais
uma vez, parte-se de uma caricatura: é como se os negros tivessem
chegado ontem da África, e assim necessitassem de uma liturgia
especialmente adaptada para que o anúncio do Evangelho se torne viável.
O que será que João Paulo II achava disso? Com a palavra, o eterno papitcho (grifos meus), falando aos bispos do Regional Sul I, em 2003:
“Certamente, não é possível descurar aqui a consideração da cultura afro-brasileira (…). Trata-se da delicada questão de aculturação, especialmente nos ritos litúrgicos, no vocabulário, a nas expressões musicais e corporais típicas da cultura afro-brasileira. (…)
“É evidente, porém, que se estaria distanciando da finalidade específica da evangelização, acentuar um destes elementos formadores da cultura brasileira, isolá-lo deste processo interativo tão enriquecedor, de modo quase a se tornar necessária a criação de uma nova liturgia própria para as pessoas de cor. Seria incomprensível dar ao rito litúrgico uma apresentação externa e uma estruturação – nas vestes, na linguagem, no canto, nas cerimônias e objetos litúrgicos – baseada nos assim chamados cultos afro-brasileiros, sem a rigorosa aplicação de um discernimento sério e profundo acerca da sua compatibilidade com a Verdade revelada por Jesus Cristo. (5)
Que fique bem claro: a ideia daqueles que promovem as missas afro NÃO É convidar os não-católicos à conversão; é, sim, incentivar os feiticeiros, idólatras e macumbeiros a conciliar sem problemas a fé cristã e o culto aos Orixás. Duvida? Então veja essa declaração lamentável de Dom José Maria Pires, arcebispo emérito da Paraíba:
“Acreditamos cada vez mais fortemente que é possível o negro ser discípulo de Cristo e viver na Igreja sem deixar de ser negro, sem renunciar a sua cultura, sem ter de abandonar a religião dos Orixás.” (6)
Entendeu agora? Esses caras acham que um negro que renuncia à crença
nos Orixás é “menos negro”, pois sofre um prejuízo cultural ao renegar a
fé de seus “ancestrais”. Definitivamente, padres sincretistas têm
pipoca no lugar do cérebro, só pode! Padre Paulo Ricardo não exagera quando diz que eles são TRAIDORES do cristianismo:
“Além do evidente abuso litúrgico que significam essas missas inculturadas (…), nós temos um grande erro moral, uma grande traição do cristianismo. (…) A evangelização supõe a conversão. Isso quer dizer que, onde quer que o cristianismo vá, ele irá necessariamente transformar as culturas, ele irá fazer necessariamente com que as mentalidade mudem. (…)
“E assim todos os povos podem mudar, todas as culturas podem ser convertidas, todas as culturas – que têm algo de bom, mas também têm muita coisa de ruim – podem ser transformadas (…). Mas, você agora canonizar as culturas pagãs e dizer que elas são lindas, e assim apostatar a fé, deixando nosso senhor Jesus Cristo de lado, isso é simplesmente a traição do cristianismo.” (7)
AVISO: o vídeo a seguir contém cenas fortes. Não é
recomendado para católicos fiéis com problemas cardíacos e gestantes.
Tirem as crianças da sala!!!
Trata-se de uma missa afro realizada na Paróquia São José, no bairro
Parque Guaraní, em São Paulo, em 2007. As cenas que aparecem a partir
dos 3:45 min. são especialmente chocantes: um casal sacoleja loucamente
diante do altar, ao som de “Pérola Negra”, de Daniela Mercury! De fato,
uma pérola do sacrilégio nacional.
Outra característica estapafúrdia dessas missas afro é a veneração ao líder quilombola Zumbi dos Palmares.
O homi é tratado como um verdadeiro santo, um “mártir da causa negra”.
Mais preocupados em rebolar nas missas do que em estudar história, esses
padres ignoram – ou fingem ignorar – que seu grande heroi tinha escravos. É o que constata o Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil:
“Zumbi (…) mandava capturar escravos de fazendas vizinhas para que eles trabalhassem forçados no Quilombo dos Palmares. Também sequestrava mulheres, raras nas primeiras décadas do Brasil, e executava aqueles que quisessem fugir do quilombo”. (8)
Assassino, senhor de escravos, sequestrador de mulheres… Que belo exemplo para os cristãos! Viva Zumbi dos Palmares, explorador de escravos negros mais amado do braziu-ziu-ziu!
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Que Nosso Senhor Jesus Cristo ilumine os bispos do Brasil, para que
sejam fiéis ao Papa e para que cumpram o seu papel de combater sem
hesitação estas atrocidades, verdadeiros deboches à nossa fé católica.
Os promotores das missas avacalhadas podem ser até bem-intencionados,
mas, de boa intenção, o terreiro da Mãe Nonoca tá cheio.
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Agradeço ao Bruno Cezar Psico por ter me sugerido a leitura do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil.
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Este post foi inspirado pelos twits trocados com Alexandre Core, Ana Maria Bueno, Samuel Araujo e Victor Picanço.
Valeu!
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Notas:
(1) Site do Padre Paulo Ricardo. Vídeo A Resposta Católica: “Missas Inculturadas”. 13/07/2011
(2) Site do Vaticano. Constituição Conciliar Sacrosantcum Concilium. 04/12/1963
(3) Site do Vaticano. Discurso do Papa Bento XVI aos Prelados da CNBB (Regional Norte 2) em visita “Ad Limina Apostolorum”. 15/04/2010
(4) Site da BBC. Padre holandês é suspenso após fazer missa ‘laranja’ pela seleção. 16/07/2010
(5) Site do Vaticano. Discurso do Papa João Paulo II aos bispos do Regional Sul I do Brasil em visita “Ad Limina Apostolorum”. 23/01/2003
(6) PIRES, Dom José Maria. O Deus da vida nas comunidades afro-americanas e caribenhas.
In: ATABAQUE – Cultura Negra e Teologia/ASETT – Associação Ecumênica de
Teólogos do Terceiro Mundo. Teologia Afro-Americana. II Consulta
Ecumênica de Teologia e Culturas Afro-Americana e Caribenha. São Paulo:
Paulus, 1997. p.31.
(7) Site do Padre Paulo Ricardo. Vídeo A Resposta Católica: “Missas Inculturadas”. 13/07/2011
(8) Narloch, Leandro. Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil. São Paulo, Leya: 2011. p. 83
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