Hoje,
os cristãos necessitam conhecer os dogmas marianos. A formação mariana requer o
estudo dos dogmas marianos, tanto em seu conteúdo, como também em seu
significado na vida cristã.
Os dogmas marianos foram conquistas históricas e teológicas do cristianismo.
Fazem parte do patrimônio e da doutrina da Igreja. Brotaram do senso
sobrenatural dos fiéis. Foram formulados pela Igreja. “O dogma nasce na Igreja,
que acolhe a Palavra de Deus, aprofunda e evolui na compreensão do dado
revelado” (padre Leomar Antônio Brustolin, teólogo mariano).
Os dogmas marianos manifestam a importância que a Igreja dá a Maria, a Mãe de
Jesus Cristo. “Os dogmas marianos glorificam Maria. Ela é exaltada precisamente
em sua insignificância e simplicidade, e é por intermédio dos insignificantes,
dos pobres — como Maria e os que ela declara libertados — que o Reino se torna
realidade entre nós.
Em toda a longa tradição cristã, os dogmas marianos concentram nossa atenção
na glória de Deus que brilha sobre a mãe de Jesus” (Kahleen Coyle, missionária e
escritora mariana).
Que são dogmas marianos
O termo “dogma” provém da língua grega, “dogma”, que significa “opinião” e
“decisão”. No Novo Testamento, é empregado no sentido de decisão comum sobre uma
questão, tomada pelos apóstolos (cf. At. 15,28). Os Padres da Igreja, antigos
escritores eclesiásticos, usavam dogma para designar o conjunto dos ensinamentos
e das normas de Jesus e também uma decisão da Igreja.
Paulatinamente, a Igreja, com o auxílio dos teólogos e pensadores cristãos,
precisou e esclareceu o sentido de dogma. Na linguagem atual do magistério e da
teologia, o ‘dogma’ é uma doutrina na qual a Igreja, quer com um juízo solene,
quer mediante o magistério ordinário e universal, propõe de maneira definitiva
uma verdade revelada, em uma forma que obriga o povo cristão em sua totalidade,
de modo que sua negação é repelida como heresia e estigmatizada com anátema”
(Marcelo Semeraro, professor de teologia).
Definidos pelo magistério da Igreja de maneira clara e definitiva, os dogmas
são verdades de fé, contidas na Bíblia e na Tradição. “O magistério da Igreja
empenha plenamente a autoridade que recebeu de Cristo, quando define dogmas,
isto é, quando, utilizando uma forma que obriga o povo cristão a uma adesão
irrevogável de fé, propõe verdades contidas na Revelação divina ou verdades que
com estas têm uma conexão necessária” (Catecismo da igreja católica, no 88).
Na Igreja os dogmas são importantes, porque ajudam os cristãos a se manterem
fiéis na fé genuína do cristianismo. “Os dogmas são como placas que indicam o
caminho de nossa fé. Foram criados para ajudar a gente a se manter no rumo do
Santuário vivo, que é Jesus” (CNBB Com Maria, rumo ao novo milênio. pág.
81).
Referentes a Maria, a Igreja propõe quatro dogmas: Maternidade divina,
Virgindade perpétua, Imaculada Conceição e Assunção. Constituem verdades que os
cristãos aceitam, aprofundam e vivenciam na comunidade de fé.
Mãe de Deus
Aos 22 de junho de 431, o Concílio de Éfeso definiu explicitamente a
maternidade divina de Nossa Senhora. Assim o Concílio se expressou: “Que seja
excomungado quem não professar que Emanuel é verdadeiramente Deus e, portanto,
que a Virgem Maria é verdadeiramente Mãe de Deus, pois deu à luz segundo a carne
aquele que é o Verbo de Deus”.
A intenção do Concílio de Éfeso era a de afirmar a unidade da pessoa de
Cristo. Reconhecer Maria como Mãe de Deus (“Theotokos”) significa, na verdade,
professar que Cristo, Filho da Virgem Santíssima segundo a geração humana, é
Filho de Deus.
O povo se alegrou tanto que levou os bispos do Concílio para suas casas e
festejaram a proclamação do dogma mariano. A maternidade divina de Nossa Senhora
é peça-mestra da teologia marial.
Virgindade perpétua
Conferindo as Sagradas Escrituras e os escritos dos Santos Padres, o Concílio
de Latrão preconizou como verdade a Virgindade Perpétua de Maria no ano 649.
Durante o Concílio, o Papa Matinho I assim afirmou: “Se alguém não confessa de
acordo com os santos Padres, propriamente e segundo a verdade, como Mãe de Deus,
a santa, sempre virgem e imaculada Maria, por haver concebido, nos últimos
tempos, do Espírito Santo e sem concurso viril gerado incorruptivelmente o mesmo
Verbo de Deus, especial e verdadeiramente, permanecendo indestruída, ainda
depois do parto, sua virgindade, seja condenado”.
Nossa Senhora foi sempre Virgem, isto é, antes do parto, no parto e depois do
parto. Os diversos credos e concílios antigos retomaram e afirmaram essa
verdade. Santo Inácio de Alexandria, são Justino, santo Irineu, santo Epifrânio,
santo Efrém, santo Ambrósio, são Jerônimo e santo Agostinho foram os exímios
defensores da Virgindade de Maria. A Virgindade perpétua de Maria faz parte
integrante da fé cristã.
Imaculada Conceição
Em 8 de dezembro de 1854, o papa Pio IX definiu o terceiro dogma mariano:
Imaculada Conceição de Maria. Em sua Bula “Ineffabilis Deus”, o Pontífice
declarou a doutrina que ensina ter sido Nossa Senhora imune de toda mancha de
pecado original, no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e
privilégio de Deus Onipotente, em vista dos méritos de Cristo Jesus Salvador do
gênero humano.
Duns Scott (1266-1308) foi o teólogo que argumentou, historicamente, em favor
do privilégio mariano, baseando-se na redenção preventiva.
O dogma da Imaculada Conceição nos ensina que, em Maria, começa o processo de
renovação e purificação de todo o povo. Ela “é toda de Deus, protótipo do que
somos chamados a ser. Em Maria e em nós age a mesma graça de Deus. Se nela Deus
pôde realizar seu projeto, poderá realizá-lo em nós também” (Dom Murilo S. R.
Krieger – bispo e escritor mariano).
Assunção de Maria
A Assunção de Maria foi o último dogma a ser proclamado, por obra do papa Pio
XII, a 1o de novembro de 1950. Na Constituição Apostólica “Munificentissimus
Deus”, o Pontífice afirmou que, depois de terminar o curso terreno de sua vida,
ela foi assunta de corpo e alma à glória celeste. Mais de 200 teólogos, em todas
as partes da Igreja, demonstraram interesse e entusiasmo pela definição
dogmática.
Imaculada e assunta aos céus, Maria é a realização perfeita do projeto de
Deus sobre a humanidade. “A Assunção manifesta o destino do corpo santificado
pela graça, a criação material participando do corpo ressuscitado de Cristo, e a
integridade humana, corpo e alma, reinando após a peregrinação da história”
(CNBB – Catequese renovada, no 235).
Os dogmas marianos iluminam a vida espiritual dos cristãos. “Os dogmas são
luzes no caminho de nossa fé, que o iluminam e tornam seguro” (Catecismo da
igreja católica, no 90).
Por Padre Eugênio Antônio Bisinoto – C.Ss.R.
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