Deus,
que é Amor, fonte e origem de toda a bondade, beleza e perfeição,
criou-nos à Sua imageme semelhança.
Fomos criados por amor e para a felicidade. Como pois compreender a
origem do sofrimento, a que Jó se refere tão dramaticamente na
primeira Leitura da Missa de hoje, e que a todos atinge?
Deus,
na Sua bondade, quis criar-nos livres e como tais, conscientes.
Os
nossos primeiros pais envaidecidos com os dotes maravilhosos que
possuíam, não souberam usar a liberdade que Deus, tão
generosamente lhes tinha concedido. Obcecados pelo orgulho, duvidaram
da Bondade e do Amor do Criador. Por momentos acreditaram mais no
demônio, pai da mentira. Esta opção voluntária, afastou-os
de Deus e, consequentemente, da verdadeira felicidade. Longe dessa
fonte bendita, quantas lágrimas se derramaram, quanto sangue
fratricida se verteu, quantas guerras, quanto sofrimento, quanto
atraso social aconteceu, ao longo dos séculos!
Não
há dúvida. O sofrimento foi e continua a ser causado, pelos passos
errados, percorridos voluntária, orgulhosa e cegamente pelos homens.
Só o homem é verdadeiramente causador de tanta desgraça.
O
pecado é uma ofensa a Deus, revelando pouca ou nenhuma confiança no
Senhor. E como a gravidade de qualquer ofensa se mede pela pessoa
ofendida e aqui o atingido é o próprio Deus, o onipotente, o
infinito, logo a sua gravidade se reveste de algo com dimensões
infinitas também.
O
mais dramático ainda é que a reparação de tanta maldade, não
estava dentro das possibilidades humanas, pois, por maiores que tais
pudessem ser, porque humanas, eram sempre limitadas, ficavam muito
aquém do que a justiça divina, como tal, exige. Só um Deus pode
reparar o mesmo Deus. Por isso, Deus-Pai, envia à Terra, o
Seu Filho, o Verbo eterno, permitindo a Sua encarnação no Ventre
Puríssimo de Nossa Senhora, para se fazer Homem também. Jesus,
filho da Virgem Maria é assim Deus e Homem verdadeiro, e como tal,
em nosso nome, satisfez com a Sua paixão e morte na cruz, pelos
pecados de toda a humanidade.
Vemos
assim que a gravidade do pecado, não se mede só pelo sofrimento
causado nos homens, ao longo dos séculos, mas mais ainda pela
impensável humilhação da encarnação, paixão e morte do próprio
Filho de Deus.
Conhecedores
de tão trágicas consequências do pecado, resta-nos estar
vigilantes, como Jesus insistentemente nos pediu, para fugir dos
caminhos errados da vida. Tais caminhos nefastos, são todos aqueles
que estão contra a vontade do Senhor, expressa nos Seus mandamentos
e impressa na consciência retamente formada, de cada um.
Como
S. Paulo, não podemos ficar indiferentes, diante de tais dramas,
vividos e provocados pelos pecados dos homens. «Ai de
mim se não anunciar o Evangelho!» «Anunciar o Evangelho não é
para mim um título de glória, é uma obrigação que me foi
imposta». «Livre como sou em relação a todos, de todos me fiz
escravo, para ganhar o maior número possível». Assim se
expressa o Apóstolo.
As
injustiças sociais, os caminhos errados que levam tantos jovens e
adultos, percorrendo vidas dissolutas, as uniões de fato, as
infidelidades conjugais, a não aceitação dos filhos, o recurso a
meios anticonceptivos artificiais, o crime hediondo do aborto, os
filmes, revistas e jornais indecorosos, são outros tantos caminhos
errados causadores de lágrimas, sofrimento e retrocesso social.
Quando
os homens se afastam dos caminhos do Evangelho e do Magistério
autêntico da Igreja fundada por Jesus, perdem facilmente a luz da
fé, e, sem essa luz bendita, enveredam pela noite do egoísmo, da
autodestruição. Pobre mundo, se não acorda para Deus, que o pode e
quer salvar!
No
Evangelho, vemos Jesus a curar e a apontar caminhos que importa
saibamos também percorrer para sermos instrumentos válidos de curas
também. Jesus aproxima-se da sogra de Pedro e cura-a. Como Ele,
também nos devemos saber aproximar de quem sofre e de quem anda
longe dos caminhos da verdadeira felicidade. Muitas conversões
passam por uma conversa pessoal, amiga, compreensiva, fraterna, com
quem de tal atenção, carinho e ajuda, está a precisar.
Depois
de tantas curas operadas, Jesus, naquela tarde, afasta-se para orar.
É à oração que todos podemos e devemos constantemente recorrer.
Na oração, que nos leva a um contato mais íntimo com o
Senhor, compreenderemos melhor o porquê do sofrimento, o seu
valor corredentor, e os caminhos que devemos seguir para a
conversão dos pecadores, nossos irmãos.
Perante
tanto sofrimento e tanto pecado, não podemos ficar indiferentes. Que
o Senhor nos dê a graça de sermos instrumentos válidos de
conversão, para que todos, sem exceção, definitivamente possam
«louvar o Senhor que salva os corações atribulados.»
Fonte: Encontro com o Bispo
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