Entrevista com o capelão: As pessoas querem ver gestos. Muitos desses jovens são de outras religiões.
Roma, 26 de Março de 2013 (Zenit.org) Sergio Mora
O Papa Francisco vai celebrar a Missa da Quinta-feira Santa, na prisão para menores ‘Casal de Marmo’, localizada na periferia de Roma. Bento XVI esteve ali no início de seu pontificado. Agora, é a vez do Papa Francisco. Eles ficaram surpresos, porque muitos são de outras religiões, disse padre Gaetano Greco à Zenit, durante entrevista no Centro de Recuperação ‘Borgo Amigo’.
Padre Gaetano, capelão da prisão Casal del Marmo, é da família franciscana dos terciários capuchinhos de Nossa Senhora das Dores, ou dos padres "Amigonianos" porque seu fundador foi o bispo Dom Luis Amigo, de Valência, Espanha.
Mesmo sendo de San Giovanni Rotondo, terra de Padre Pio, o capelão escolheu outra ordem: a dos Amigonianos, cujo carisma é a reablitação dos jovens. Pe Gaetano se apaixonou por esta vocação.
Padre Gaetano frequentou o seminário, fez noviciado na Espanha, em Albacete, e foi ordenado sacerdote em Roma; trabalhou durante vários anos na Sardenha, em uma casa de recuperação. Desde 1981 é capelão da prisão ‘Casal de Marmo’. Prisão, no sentido pleno da palavra.
ZENIT:Bento XVI já visitou a prisão, certo?
Pe Gaetano: Bento XVI celebrou em 2007, foi uma experiência extraordinária. Os jovens o viram de perto. Bento XVI se comoveu quando os encontrou, e saudava com um ‘aperto de mãos’, olhava nos olhos. Foi um dia de primavera e de luz. Preparamos a sua visita durante um mês.
Agora Francisco ...
Pe Gaetano: Agora o Papa Francisco vem nos encontrar, e isso está agitando meio mundo. Os jovens aguardam com entusiasmo o Papa. Ele celebrará como costumava fazerem Buenos Aires, num lugar de sofrimento, de pobres. Na prisão, eu passei muito tempo com os jovens lendo somente o evangelho, e dali se abre um mundo inteiro.
ZENIT:O que vocês estão organizando para a visita?
Pe Gaetano: Com o Papa Francisco não temos necessidade de preparar nada, porque ele quer ajoelhar-se no chão. O que fica marcado nas pessoas são as coisas simples. Você pode até fazer um discurso maravilhoso, mas as pessoas simples querem ver os gestos, como pagar o hotel, isso permanece impresso, ou quando um Papa sai do carro para cumprimentar as pessoas sem medo de ser baleado.
ZENIT:O que provoca mais impacto nestes jovens?
Pe Gaetano: Quando eles chegam aqui, eles acham que os religiosos têm um belo apartamento, e são surpreendidos porque vivemos como eles. E o que fazemos, fazemos junto com eles. Considerá-los doentes é um erro. Sim, mas pela falta de cuidado que eles nunca tiveram, pelo vazio, pelo pouco afeto, porque a maioria das pessoas que disseram que os queriam bem, os abandonaram, ou, os traíram, os fizeram sofrer. E encontrar alguém que gratuitamente coloca a disposição deles a própria vida e tudo o que tem, é a coisa mais bonita que poderia ter acontecido para eles.
ZENIT:Vamos falar sobre os jovens detentos. Como é decidida a prisão ou as medidas alternativas?
Pe Gaetano: Segundo a lei italiana atual, os jovens antes de ir para a cadeia vão para um Centro de Pronto Atendimento , onde o magistrado no prazo de 72 horas, auxiliado por uma equipe formada por um assistente social, um educador e um psicólogo, deve determinar se vai para prisão ou entra nas medidas alternativas, tais como comunidades para reabilitação, etc. Aqueles que não respeitam as medidas alternativas ou em casos mais graves acabam na prisão.
ZENIT:Até que idade eles permanecem na prisão juvenil?
Pe Gaetano: Cumprindo algumas penas pode ser até 21 anos. Mas o que cometeu crime até 18 anos e depois vai para o presídio para adultos.
ZENIT:Qual é a situação desses jovens?
Pe Gaetano: Há um forte sentimento de revolta e de violência, e também um desejo de redimir-se. Especialmente o jovem que cometeu um crime grave. Os crimes mais comuns são contra o patrimônio e o uso de substâncias tóxicas.
ZENIT:Quem caiu nas drogas, encontra aqui uma saída?
Pe Gaetano: Na cadeia há um centro médico. Verificamos a recuperação psicofísica dos jovens que, muitas vezes, chegam aqui em péssimas condições sanitárias. Este é um serviço muito positivo. Em seguida, direcionamos para uma equipe de educadores, para ajudar, escutar, e tentar entender seus problemas, e depois os acompanhamos até uma situação positiva.
ZENIT:É diversa a possibilidade de recuperação dos jovens em relação aos adultos?
Pe Gaetano:Sim, por duas razões: porque eles são mais jovens e querem voltar o mais rápido possível à liberdade, e a grande vantagem é que eles são poucos em relação a grande massa de detentos.
ZENIT: Quantos jovens estão em Casal de Marmo? E o que disseram quando souberam que o Papa estava chegando?
Pe Gaetano: Um total de 48. Um pequeno grupo de nove mulheres e dois grupos de homens. A maioria é muçulmana. Outro grupo, uma minoria de italianos, são ortodoxos. Ao anúncio de que o papa viria a Casal de Marmo na Quinta-feira Santa, todos entenderam que era importante. Um jovem Napolitano disse: "Eu finalmente vou apertar a mão de alguém importante”.
ZENIT: Quais são as fases que eles devem percorrer?
Pe Gaetano: A primeira é com ele mesmo, um forte trabalho no sentido de responsabilidade, porque não há grades. Nesta primeira fase permanecem dentro da comunidade, onde não estão de férias, e requer um recomeçar. É necessário um bom acolhimento, porque a primeira coisa é o ambiente. Eles podem abrir a geladeira, falar com o professor a qualquer momento do dia, e devem ajudar na vida ordinária da casa. Há uma cozinheira e outra senhora que cuida das roupas, o resto, fazem os jovens. Como em uma família.
ZENIT: Como é a vida aqui?
Pe Gaetano: Esta é uma comunidade religiosa aberta, compartilhamos a vida com os jovens, são cinco religiosos e 11 homens. Criamos oportunidades de trabalho para os jovens, acompanhados pelos educadores.
ZENIT: Daqui saem algumas vocações? Como é mantido?
Pe Gaetano: Vocações, não, às vezes há alguma esperança. Mas entre eles é bastante complicado, porque o grande sonho deles é ganhar dinheiro e os monges não têm dinheiro.
Para os jovens que são confiados pelos serviços sociais, é dado um subsídio diário para cobrir as despesas, através do Centro de Justiça para menores. E depois, há a ajuda da Igreja, com verbas destinadas do ‘8 por mil’ para instituições de caridade, na Itália.
ZENIT: Se o jovem quiser, é possível se recuperar na prisão juvenil?
Pe Gaetano: Sim, é possível. Embora uma coisa seja dizer e outra coisa é fazer. Muitos tiveram dinheiro fácil em suas mãos, e quando começam a trabalhar vêm que seu primeiro salário será muito, muito baixo.
ZENIT:Qual é a espiritualidade seguida?
Pe Gaetano: De São Francisco e a do Bom Pastor. No aspecto religioso, mantenho firmes os meus princípios, mas dou a eles a liberdade. Por exemplo, celebro a Missa e, algumas vezes, eles me pedem para participar. Mas é uma escolha livre. Há também a paróquia nas proximidades, onde eles podem ir para rezar e estar com os sacerdotes.
ZENIT:Como é a reintegração?
Pe Gaetano: É uma comunidade voltada para o exterior. Um dos problemas negativos da prisão e das instituições em geral, se não estivermos atentos, é que as pessoas se acomodam. E isso diminui a capacidade de iniciativa do individuo, porque tudo se torna direito e não dever. E o que ele encontra aqui deve deixá-lo melhor do que o que ele encontrou.
ZENIT: Onde estão os padres Amigonianos?
Pe Gaetano: Em muitos países, especialmente na América Latina. Com grande atenção a esta realidade, embora também com algumas experiências de escolas privadas e até mesmo uma universidade de formação em pedagogia na Colômbia, psicologia para religiosos, aberta também para os jovens.
ZENIT: Como prevenir o problema das drogas entre os jovens?
Pe Gaetano: A grande dificuldade da juventude não é apenas o capricho. Existem elementos destrutivos que fazem parte de uma situação cultural, como o uso de substâncias tóxicas. Começam “fazendo-se de bobos”, buscando a transgressão. É difícil não encontrar, numa festa de adolescentes, alguém que não tenha levado isso. Falamos sobre drogas e as suas dificuldades, mas precisamos fazê-los entender a história da transgressão, que é possível se divertir de forma consciente. Quando alguém transgride, perde a consciência da festa.
fonte: http://www.zenit.org/pt/articles/entusiasmo-entre-os-jovens-da-prisao-onde-o-papa-francisco-celebrara-a-quinta-feira-santa?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+zenit%2Fportuguese+%28ZENIT+Portuguese%29
Por Salvatore Cernuzio
ROMA, segunda-feira, 30 de julho de 2012 (ZENIT.org)
- É uma história maravilhosa de conversão nos nossos dias, aquela de
Leah Libresco, a popular blogueira americana atéia responsável do
“Patheos Atheist Portal”.
No passado 18 de Junho uma postagem desta jovem filósofa, formada em
Yale e colaboradora do Huffington Post, definitivamente chocou muitos
seguidores – especialmente ateus – do seu blog, chegando rapidamente a
todas as partes do mundo.
"Esta é a minha última postagem" anunciava dramaticamente o título do
artigo, onde a blogueira declarava ter finalmente encontrado a resposta
para aquela sua "moral interna" que até agora o ateísmo não conseguia
satisfazer: o cristianismo. A resposta que durante anos Leah refutava e
rejeitava com "explicações que buscam colocar a moralidade no mundo
natural."
"Durante anos eu tentei argumentar a origem da lei moral universal
que reconhecia presente em mim” explicou a blogueira; uma moralidade
"objetiva como a matemática e as leis da física”. Nesta busca contínua
de respostas, Leah se refugiou, por exemplo, na filosofia ou na
psicologia evolutiva.
"Eu não pensava que a resposta estivesse ali” admite, mas ao mesmo
tempo “não podia mais esconder que o cristianismo demonstrava melhor do
que qualquer outra filosofia aquilo que reconhecia já como verdadeiro:
uma moral dentro de mim que o meu ateísmo, porém, não conseguia
explicar”.
Os primeiros "sinais" de conversão vieram no dia de Domingo de Ramos,
quando a blogueira participa de um debate com os alunos de Yale para
explicar de onde deriva a lei moral. Durante a explicação, foi
interrompida por um jovem que “buscava fazer-me pensar – como ela mesma
lembra – pedindo-me para não repetir a explicação dos outros, mas para
dizer o que eu pensava sobre isso”.
"Não sei, não tenho uma idéia" é a resposta da Leah diante de uma
pergunta simples, mas inquietante. "A sua melhor hipótese?", continuou o
jovem, "não tenho uma", ela responde.
"Terá talvez alguma idéia”, continua ele; “não o sei... mas acho que a
moral tenha se apaixonado por mim ou algo parecido” tenta falar a
filósofa, mas o rapaz neste momento diz-lhe o que pensava.
Refletindo, a mulher diz: "Percebi que, como ele, eu acreditava que a
moral fosse objetiva, um dado independente da vontade humana”. Leah
descobre portanto que também ela crê “numa ordem, que implica alguém que
o tenha pensado” e “na existência da Verdade, na origem divina da
moral”.
"Intuí – explica ainda – que a lei moral como a verdade pudesse ser
uma pessoa. E a religião católica me oferecia a estrada mais razoável e
simples para ver se a minha intuição era verdadeira, porque diz que a
Verdade é vivente, que se fez homem.”
Pedindo depois àquele jovem o que lhe sugeria fazer, a filósofa atéia
convicta, começa a rezar com ele a Completa no Livro dos salmos e
continua “a fazê-lo sempre, também sozinha”.
Anos e anos de teorias, provas, convicções, desmoronados diante da
única Verdade: Deus. Publicada no portal, a história de Leah provocou
reações diversas e milhões de comentários. Basta pensar no fato de que
tenha sido postada no Facebook 18 mil vezes e que a sua página web tenha
recebido, segundo o diretor do blog, Dan Welch, cerca de 150 mil
acessos.
Muitos comentários são acusadores, pessoas atéias que se sentem
“traídas” por aquela que era para eles uma líder. Muitos outros, ao
contrário, são de católicos que, como muitos não-crentes, seguiam o
blog. Alguns expressam as suas felicitações e dizem: "Estou tão feliz
por você. Rezei tanto. A aventura está apenas começando."
Entrevistada pela CNN, a Libresco no entanto, confessou de ter ainda
muito a entender e estudar sobre aquilo que sustenta a Igreja sobre
questões de moral, como por exemplo a questão da homossexualidade que a
deixa ainda “confusa”. “Mas não é um problema” afirmou, em quanto que
tudo do que ela se convenceu “é razoável”.
Depois da conversão, a mulher procurou também uma comunidade
católica, “escandalizando os amigos” mais incrédulos. “Se me perguntam
como estou hoje respondo que estou feliz – diz a blogueira – o melhor
período que você pode viver é quando você se dá conta de que quase tudo o
que você pensava que era verdadeiro, na verdade era falso”.
Ainda à CNN, a blogueira contou que se sentia “renascida uma segunda
vez”: “É ótimo participar da Missa e saber que ali está Deus feito carne
– declarou – um fato que explica tantas outras coisas inexplicáveis".
Neste ponto, a questão que mais causa curiosidade é o que fará Leah
do seu popular blog ateu? Uma pergunta que tem assombrado a mesma autora
todos os dias depois daquela fatídica tarde em Yale.
"Parar de escrever? - Diz na sua postagem - continuar em um estilo
cripto-católico esperando que ninguém perceba (como fiz no último
período)?” Após um exame demorado, a solução foi outra: "A partir de
amanhã, o blog será chamado "Patheos Catholic channel "e será usado para
discutir com os ateus convictos, como fazia antes com os católicos.
O motivo? "Se a pessoa é honesta - explica - não tem medo de entrar
em diálogo. Eu recebi uma resposta sobre o que buscava porque aceitei
colocar-me em diálogo. O interessante de muitos ateus é que fazem
críticas e pedem provas. Uma coisa utilíssima à Igreja, que não deve ter
medo porque está do lado dos fatos e da razão”.
Incentivo, finalmente, conclui a postagem, quase uma despedida da
Libresco aos seus muitos leitores ateus: "Quaisquer que sejam suas
crenças religiosas parar e pensar naquilo que você crê é uma boa ideia e
se assim compreende que há algo que te obriga a mudar de ideia, não
tenha medo e lembre-se que a tua decisão pode somente melhorar a tua
visão das coisas”.
[Tradução do Italiano por Thácio Siqueira]
Fonte:http://www.zenit.org/article-30939?l=portuguese