Morte de egípcios que protestavam contra atentado a uma igreja expõe o ódio aos seguidores de Jesus Cristo, algo que vai além do Oriente Médio
Rodrigo CardosoNAS RUAS
Protesto contra o massacre de cristãos, no Egito: perseguição também ocorre na Ásia
Imagine um país onde a filiação religiosa
deva constar no documento de identidade de todos os cidadãos, onde sua
crença implique restrições para ocupar postos de trabalho, ter acesso à
educação e se casar. No Egito, predominantemente islâmico, isso acontece
e as principais vítimas da intolerância religiosa são os cristãos, que
representam 10% da população. Na semana passada, o mundo testemunhou um
derramamento de sangue no país. Vinte e cinco pessoas – a maioria fiéis
coptas, como são chamados os cristãos que não seguem o Alcorão –
morreram no domingo 9, no Cairo, em confronto com outros civis e o
Exército. Tanques passavam por cima dos manifestantes sem dó. Carregando
cruzes e imagens de Jesus, milhares de pessoas estavam nas ruas em um
protesto inédito contra a opressão histórica patrocinada pelos
muçulmanos. Os representantes do cristianismo se revoltaram depois de
mais um incêndio sofrido por uma igreja copta. “A primavera no mundo
árabe parece que acordou muita gente, inclusive os coptas”, diz o
sacerdote católico Celso Pedro da Silva, professor emérito da Pontifícia
Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, de São Paulo.